O que são crenças limitantes? E como elas podem estar prejudicando seu crescimento?
- N3ssa UN4RTificial
- 14 de fev.
- 8 min de leitura
Atualizado: 25 de mar.
Já houve alguma situação em sua vida onde você almejava/sonhava com algo maior (material ou imaterial), mas como num passe de mágica surgiram pensamentos do tipo: "Eu simplesmente não consigo", "Não tenho tempo/dinheiro/capacidade para...", "Isso é demais pra mim..." "Eu não mereço..." etc. Se sim, parabéns - você já conheceu e fez amizade com suas crenças limitantes.
Essas pequenas, porém poderosas, vozes internas são como correntes invisíveis que, com um toque de ironia quase poética, nos impedem de explorar todo o potencial que carregamos. Essas crenças são "instaladas" gratuitamente na nossa mente, cortesia da sociedade, da cultura e das experiências pessoais (nossas e de outros). Mas antes de começarmos a chutar essas ideias ultrapassadas para longe, vamos entender o que elas são de fato pois, como já dizia Alvo Dumbledore: "...Compreender é o primeiro passo para aceitar, e somente aceitando podemos nos recuperar..."
O que são crenças limitantes?
Crenças são aquelas convicções que possuímos acerca do mundo, formadas desde a infância e moldadas pela família, cultura e, é claro, pela sociedade. Elas nos orientam, proporcionando um conjunto de respostas prontas, mas nem sempre corretas. Um conjunto de crenças é denominado paradigma.
Afim de facilitar o entendimento deixe-me dar um exemplo simples: Imagine sua mente como um vasto jardim, repleto de possibilidades. Agora, imagine que, ao invés de você cultivar flores e árvores frondosas (crenças fortes), você se contenta em regar e cuidar apenas de ervas daninhas. Sim, as ervas daninhas representam as crenças limitantes, e como o próprio nome já diz, são concepções que colocam limites naquilo que acreditamos ser possível e/ou merecido.
Importante ressaltar que, elas não vêm do além - são construídas com base em interpretações distorcidas de experiências passadas, ensinamentos culturais e até mesmo do medo do desconhecido. Essas ideias internalizadas atuam como barreiras para o nosso crescimento pessoal pois, elas não mostram a verdade, mas fazem questão de te convencer de que são justas e verdadeiras.
Digamos que nosso maior problema em relação a elas é que, na maioria das vezes, não sabemos que elas estão ali, presentes, regendo nossas escolhas.
De onde elas vêm? As raízes das crenças limitantes
Certo mas, por que persistimos em agir com base em crenças, as quais não sabemos de onde vêm? Simples: somos seres de hábitos preguiçosos. Ou será que é porque acreditamos tanto em nossa própria narrativa que preferimos a estagnação à ousadia de desafiar o que nos limita?
Aliás, é bom citar que diversas escolas de pensamento já se aventuraram na análise deste fenômeno, (que novidade).
Os filósofos cínicos argumentariam que o verdadeiro propósito da vida é manter-se confortável, e não alcançar a verdadeira liberdade. Já Aristóteles dizia que "somos o que fazemos repetidamente" e que as crenças limitantes violam o equilíbrio entre medo e ousadia. Platão nos alertou em sua famosa Alegoria da Caverna, onde as sombras são confundidas com a realidade.
Carl Jung, por sua vez, explicou que o inconsciente coletivo é uma força poderosa, que molda nossa psique a partir de ideias herdadas. Modernamente, a psicologia cognitiva sugere que nossa mente cria "atalhos" para evitar dores emocionais, resultando em convicções que nem sempre são verdadeiras, o que em outras palavras significa que as crenças são frutos de experiências passadas, reforçadas por padrões de pensamento negativo.
Um exemplo disso seria: uma criança que presenciou os problemas financeiros dos pais e escutava constantemente as frases "dinheiro é difícil de ganhar" ou "é necessário trabalhar muito para ganhar dinheiro", cresce acreditando que nunca será próspera, ou que para isso precisará aderir a jornadas de trabalho absurdas. Resultado? Ela, muitas vezes, nem ao menos tenta se aventurar em novas oportunidades, pois já "sabe" que irá falhar. Pura autossabotagem embalada com fita de cetim e uma etiqueta bem grande dizendo "verdade". Albert Ellis, um dos pioneiros na reestruturação cognitiva, diria que essas ideias disfuncionais podem - e devem - ser identificadas e desafiadas.
Já o filósofo Friedrich Nietzsche, sempre muito sutil, nos daria um tapa na cara metafórico ao afirmar que "o homem é algo que deve ser superado", sugerindo que somos prisioneiros de nossas limitações porque queremos.
Os existencialistas viam essas crenças como um entrave à liberdade e à responsabilidade de ser quem realmente somos. Sartre proclamava "a existência precede a essência", sugerindo que somos livres para definir nosso próprio caminho, as crenças limitantes se manifestam justamente como essa voz interna que insiste em manter o status quo, mesmo quando o mesmo é, no mínimo, entediante.
A sabedoria contemporânea de autores como Tony Robbins e Brené Brown por exemplo, nos lembram que a transformação pessoal começa justamente quando decidimos desafiar as barreiras mentais.
E a neurociência, por sua vez, diz que as crenças limitantes podem estar literalmente gravadas em nosso cérebro, sim, não é ótimo?! Isso ocorre da seguinte forma: ao repetir determinados padrões de pensamento, nós estabelecemos ligações sinápticas (conexões que os neurônios fazem entre si, basalmente falando). Portanto, quanto mais repetimos uma crença, mais essas conexões se fortalecem, e assim acabamos aceitando que essa é a única "realidade".
Pessoas religiosas diriam que se trata da vontade divina, os ateus diriam que é uma predisposição genética, os filósofos argumentariam que se trata da nossa interpretação arbitrária do que denominamos "verdade" mas, independente de tudo isso, seja qual for a justificativa ou linha de pensamento - incluindo nisso a análise freudiana dos conflitos internos e a abordagem comportamental que vê o comportamento humano como produto de condicionamentos - tudo converge para a ideia de que as crenças limitantes são obstáculos a serem superados, ou seja, no final deste túnel existe saída, é totalmente possível mudá-las.
Como as crenças limitantes podem estar prejudicando seu crescimento?
Bom, se você leu o bloco acima já deve ter entendido ou tem, pelo menos uma ideia de como isso pode estar te afetando, mas vamos deixar tudo ainda mais claro.

Imagine que sua mente é como um campeonato de crossfit, onde o objetivo é testar a força, a resistência e a determinação com objetivo de se conquistar novos recordes. Agora, imagine que, ao invés de utilizar equipamentos modernos e funcionais, você está utilizando equipamentos enferrujados e com grande risco de acidentes (sério, se você já viu como funciona um campeonato de cross, vai perceber que a qualidade dos equipamentos é essencial) - pois é, esses equipamentos ferrados representam exatamente o que você está pensando, as crenças limitantes.
Cada "eu não posso" é um lastro que te impede de levantar a barra do seu potencial (nossa, me superei com essa frase). É como tentar competir em uma maratona com correntes atadas aos pés. Na prática, essas crenças só nos levam a um ciclo de autossabotagem, que se repete várias e várias vezes através de padrões.
B. F. Skinner, com sua paixão pela análise comportamental, provavelmente diria que estamos reforçando comportamentos negativos, mesmo que inconscientemente, através de um ciclo de repetição que nos mantém presos a um estado de inércia. Deixa eu simplificar a fala desse cara com um exemplo: você por acaso já teve a sensação engraçada de repetir experiências em relacionamentos? Como se toda vez a mesma "história se repetisse" mas com pessoas diferentes? É como se tudo estivesse "programado" para evitar o seu sucesso naquela área da vida... Isso lhe é familiar? Sim? Pois é... entendeu né?
Sabemos que, se deixarmos que essa mentalidade se perpetue, acabaremos por acreditar que a mediocridade é a nossa zona de conforto. O que seria mais irônico do que se contentar com o "ok" quando se pode aspirar ao "extraordinário"? É como se, ao invés de atualizar o sistema, decidíssemos viver eternamente com o "Windows 98" da nossa própria existência.
Agora, bora para a parte prática!
Como substituir crenças: Um convite a libertação
A notícia boa é que, assim como um software pode ser atualizado, a nossa mente também pode ser "reprogramada" (essa palavra não deve ser interpretada de forma literal, se trata somente de uma figura de linguagem, até porque não somos robôs).
O primeiro passo é RECONHECER que aquela voz crítica interna NÃO É UMA VERDADE ABSOLUTA, até porque verdades absolutas não existem! Essa voz é apenas um resquício de padrões antigos, prontos para serem questionados.
Aqui vão algumas algumas das estratégias práticas que eu utilizei para desconstruir algumas das minhas barreiras:
Identifique-as e Desafie-as: Dê nome aos bois sim! Preste atenção aos seus pensamentos, quando os autolimitantes surgirem, questione-os. Escreva-os em um caderno ou no celular se quiser. Use a pergunta: "Isso é realmente o que eu penso sobre isso?" ou "De onde veio essa ideia?" ou "Quem foi F%D#P que disse que isso é verdade?" Isso vai lhe exigir prática! Sim, pensar com a própria cabeça dá trabalho mas é extremamente gratificante. Então PERSISTA, é a tua vida e o teu crescimento em jogo! (Pensar e ter pensamentos são coisas completamente diferente, a maioria das pessoas tem pensamentos e acham que estão pensando. Um erro elementar).
Reestruturação Cognitiva: Reescreva, substitua, transforme o "eu não posso" em "por que não tentar?", por exemplo. A maioria das pessoas não dá a mínima atenção a qualidade de suas narrativas internas, quem dirá saber que podem mudá-las. Uma simples mudança pode abrir portas para novas possibilidades.
Meditação e Autoconhecimento: Dedique alguns minutos do seu dia para refletir sobre seus pensamentos, parece um exercício contraditório porém é extramente benéfico. Você pode começar com apenas 5 minutos, a meditação ajuda a observarmos esses padrões sem julgamentos, permitindo que você os modifique de forma consciente.
Humor Ácido, Ironia e Ação: Ás vezes, rir de si mesma é a melhor forma de tirar a força das crenças. Sim, Oscar Wilde já dizia: "A vida é muito importante para ser levada a sério", portanto encare suas limitações com uma pitada de sarcasmo também e veja como elas perdem um pouco do peso que possuem. Muito importante: agir é essencial, levante o traseiro da poltrona e utilize toda e qualquer pequena ação de forma consistente para reforçar as suas novas crenças.
Simone de Beauvoir nos lembra que "mudamos a nós mesmos todos os dias", e essa transformação depende, em grande parte, de como escolhemos interpretar nossas experiências. Ao invés de se deixar paralisar pelo medo do fracasso (ou do sucesso), que tal abraçar a incerteza com a curiosidade de uma cientista e o humor de uma poetisa?
Considerações Finais
Em síntese, as crenças limitantes são barreiras mentais formadas a partir de experiências, medos e condicionamentos culturais e sociais que nos impedem de alcançar nosso verdadeiro potencial. Seja pela pela perspectiva da psicologia cognitiva, da filosofia existencialista ou de abordagens modernas de autoajuda, todas as linhas de pensamento concordam: romper com as limitações é essencial para um crescimento pessoal autêntico.
Eu acredito que reconhecer e desafiar nossas crenças é o primeiro, e talvez o mais importante, passo para uma vida mais plena. Abandonar o casulo confortável da dúvida e abraçar a incerteza com humor e coragem é o caminho para nos tornarmos a melhor versão de nós mesmas. Como diria a genial filósofa Hannah Arendt, "pensar sem um certo grau de inquietação é simplesmente complacência", e não há nada mais libertador (na minha opinião) do que transformar nossa inquietação em ações coerentes e criatividade.
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"A ilusão se desfaz quando questionamos a realidade" - UN4RT
Agora, se você tem um desejo obscuro de se aprofundar nisso, as fontes, referências e inspirações seguem abaixo. Boa sorte, você vai precisar...
Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, um sábio e poderoso bruxo da série literária Harry Potter escrita pela autora britânica J. K. Rowling.
Os cínicos, esses filósofos da Grécia Antiga, adeptos do cinismo eram conhecidos por sua falta de apego material e seu repudio pelos costumes e valores da sociedade.
Aristóteles, Ética a Nicômaco.
Platão, A República.
Carl Gustav Jung, O Homem e seus Símbolos.
Albert Ellis, Fundador da Terapia Racional-Emotiva Comportamental (TREC), conhecido por sua abordagem na reestruturação cognitiva.
Friedrich Nietzsche, Assim falou Zaratustra.
Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada.
Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo.
Tony Robbins, Poder Sem Limites e Desperte Seu Gigante Interior.
Brené Brown, A Coragem de Ser Imperfeito e A Arte da Imperfeição.
Norman Doidge, O Cérebro que se Transforma: A Neurociência da Transformação Pessoal.
Crossfit, programa de força e condicionamento que combina exercícios de alta intensidade variados.
B. F. Skinner, Ciência e Comportamento Humano.
Windows 98, sistema operacional que sucedeu o Windows 95, foi a primeira versão da plataforma desktop a ser pensada e desenvolvida para consumidores finais. Criada pela empresa Microsoft.
Oscar Wilde, O Leque de Lady Windermere.
Hannah Arendt, A Condição Humana.
Amando muuuitooo tudo isso