Como Sobreviver a Pessoas Irritantes sem ir para a Prisão
- N3ssa UN4RTificial
- 27 de mar.
- 8 min de leitura
Atualizado: 19 de abr.
Ah a vida, eterno experimento social onde somos obrigados a coexistir o que resulta em um desafio hercúleo: lidar com gente pé-no-saco sem cometer um crime digno de documentário de plataforma de Streaming - sim, eles estão por toda parte.
Desde o vizinho que decide escutar funk às sete da manhã, até aquela colega de trabalho que insiste em explicar para você o óbvio, como se ela fosse Einstein revelando a Teoria da Relatividade. Por isso é importante que você saiba que: não importando quem você seja - Médico ou Monstro - cedo ou tarde, você será confrontado pelas criaturas mitológicas da chatice.
Mas calma, há esperança! Pegue sua xícara de café (ou algo mais forte) e venha comigo, pois hoje vamos explorar as formas de sobreviver a esses seres sem acabarmos atrás das grades.
Um Breve Estudo sobre a Irritação Humana
Seja o sujeito que conversa cutucando, o ser iluminado que decide contar seu testemunho a plenos pulmões na parada de ônibus, ou o ser humaninho que termina cada frase com “Entendeu?” é inegável que a humanidade está repleta de personagens que desafiam nossa paciência e testam nossa capacidade de convívio social sem homicídios acidentais.
Jean-Paul Sartre, sempre muito esperto, já havia nos avisado quando disse “O inferno são os outros.”. Mas será que precisamos realmente considerar a mudança para uma caverna longínqua só para evitarmos um colapso nervoso? Eu acredito que não necessariamente. Há maneiras mais civilizadas e menos juridicamente comprometedoras de lidar com a fauna irritante ao nosso redor. Portanto comecemos compreendendo o que define essa espécie.
Pessoas Irritantes: Uma Definição
A irritação é subjetiva, mas algumas criaturas parecem ter o dom universal de esgotar as reservas de paciência alheia. Schopenhauer via as interações humanas como uma dança de porcos-espinhos: nos aproximamos para buscar calor, mas acabamos nos espetando.
Em função disso, afirmo que: o cidadão que escuta música ruim sem fones de ouvido, a tia que pergunta quando você terá filhos (mesmo sabendo que você não quer te-los), o motorista que freia de soco na sua frente: todos têm algo em comum. Eles apenas não percebem (ou não se importam) com o impacto de suas ações no mundo ao redor.
“A paciência é amarga, mas seus frutos são doces.”, disse Jean-Jacques Rousseau. Mas, Rousseau, querido, você já tentou manter a compostura enquanto alguém mastiga de boca aberta na sua frente?
Estratégias para Sobreviver (Emanando Paz Interior)
Bom, já que o código penal ainda considera homicídio um crime, precisamos encontrar meios menos extremos para lidar com essas criaturas. Por isso aqui vai alguns métodos testados por mim - principalmente durante o período que trabalhei como Bartender em Berlim.

O Método Estoico Adaptado - Seja uma Rocha, Uma Montanha, Um Wi-Fi com Senha
Sêneca, o estoico dos estoicos, dizia: “A vida é muito curta para ser pequena.”. O que em outras palavras significa: não desperdice energia emocional - ou de qualquer outro tipo - com quem não merece.
Ele pregava a indiferença emocional perante adversidades. Se aplicado corretamente, o estoicismo permite que você reaja a um sujeito inconveniente (bêbado ou não) com a mesma impassibilidade de uma estátua de praça pública. Alguém está lhe contando uma história interminável a respeito de qualquer merda que não te interessa? Imagine um deserto, um campo de lavanda, um filme mudo. Pratique a “face neutra de museu” - aquela expressão inalterável que os seguranças do Neues Museum esboçam ao ouvir os turistas perguntarem onde está o Busto de Nefertiti (quando ela está bem ali, na frente deles).
Outro estoico famosão, Marco Aurélio, em sua obra “Meditações”, nos lembra que “A melhor vingança é não ser como o seu inimigo.”. Portanto você pode utilizar também a “Arte da Esquiva Verbal”, essa é outra arma poderosa do nosso arsenal. Ela se resume no uso do escudo do sarcasmo e da espada da ironia. Quando alguém disser algo irritante e inconveniente, responda com um sorriso a la Esfinge e uma frase como: “Que perspicácia! Você deveria patentear essa ideia.”.
O Método Zen Versão 2.0 - O Caminho do Monge Desapegado
O budismo nos ensina que a irritação é uma construção da mente. Isso significa que, em teoria, você não precisa se irritar com o cara que decide pagar um cafezinho com uma montanha de moedas de dois centavos. Em teoria. Na prática, sua alma já está gritando internamente como uma sirene de evacuação de incêndio.
O segredo? Respire. Medite. Imagine-se flutuando no cosmos enquanto a humanidade continua com sua mediocridade habitual - é só mais um dia no paraíso, aproveite. Outra forma seria você se imaginar como um monge que observa as ondas do oceano: elas vêm e vão, assim como as pessoas irritantes na sua vida. Não tente controlar ou mudar essas pessoas: apenas aceite a existência efêmera delas no grande esquema das coisas. Buda dizia que o sofrimento vem do apego.
Talvez a irritação seja, no fundo, um reflexo do que esperamos dos outros. Experimente observar a pessoa irritante como um estudo de caso, um fenômeno da natureza, uma tempestade passageira. A voz dela parece uma taquara rachada ou um pato com rouquidão? Imagine que pode ser um pato em época de acasalamento.
O Método a partir da Abordagem Nietzscheana - A Arte do Desprezo Intelectual
Se a paciência realmente não é a sua praia e você é fã de uma abordagem mais audaciosa, por que não experimentar o desprezo refinado? Ao invés de revirar os olhos como um adolescente contrariado, adote a atitude aristocrata intelectual: um olhar de leve superioridade, um suspiro resignado e uma frase que envolva pelo menos duas palavras que o interlocutor não conheça.
Exemplo:
Pessoa irritante diz - “Eu não gosto muito de ler, acho meio chato.”
Você responde: “Ah, compreendo. Há mentes que se desenvolvem melhor por meio de outros estímulos primitivos.” (E saia andando).
Devemos admitir que Nietzsche dominava a arte do desprezo refinado, ele nos ensinou que “Aquilo que não nos mata, nos fortalece.”. Uma resposta afiada, mas elegante, pode transformar uma interação insuportável em um pequeno triunfo pessoal. Apenas tome cuidado para não cruzar a linha e acabar com uma treta desnecessária. Use o bom senso sem moderações.
O Método Poderoso do Sarcasmo reforçado pela Fuga Estratégica
Oscar Wilde foi o mestre da ironia refinada. Quando confrontado por alguém irritante - o que na era vitoriana queria dizer quase toda a população - ele respondia com humor ácido - mas sem perder a elegância. Afinal, nada desarma uma pessoa irritante mais rápido do que perceber que suas provocações são recebidas com uma indiferença espirituosa.
Sun Tzu escreveu que “A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar.”. Às vezes, a melhor forma de lidar com os insuportáveis é simplesmente sair de perto. Evite, desvie, suma como um ninja. Se não for possível, invista em fones de ouvido, um bom podcast ou uma viagem astral momentânea. Ah, você sempre pode fingir que a pessoa é parte do cenário, como um poste ou um vaso de plantas. Você pode responder com um olhar vago ou até mesmo com a Técnica da Candidata a Miss.
O Método do Experimento Social
Esse é extremamente simples, é só transformar o incômodo em diversão. Tente interagir com a pessoa irritante de uma forma inesperada. Se um chato no trabalho está monopolizando a conversa, pergunte algo absurdamente filosófico como: “Você acha que o tempo é linear ou uma ilusão coletiva?” Com sorte, ele se distrai e você escapa ileso (funcionou todas as vezes comigo).
O Método da Conclusão Final (Metaforicamente falando)
Mas se tudo falhar e sua paciência atingir níveis críticos, a melhor solução pode evitar esses indivíduos como um vampiro evita a luz do sol. Existem diversas técnicas avançadas para isso e aqui podemos dar asas a criatividade.
O fone de ouvido falso: mesmo sem música, ele protege sua sanidade.
A “cara de quem está ocupado”: funciona principalmente no trabalho.
O interesse em um livro: finja estar profundamente compenetrado na leitura de um livro (mesmo que este seja apenas um manual de instruções de alguma porcaria que você comprou por impulso).
Sempre andar na rua de óculos escuros: as pessoas nunca sabem para onde você está olhando, portanto você sempre pode fingir que não viu quando a pessoa chata acena - em conjunto com os fones de ouvido, isso vira um suprassumo.
A desculpa clássica: “Preciso atender a um telefonema importante.” e desaparecer na fumaça da sua própria genialidade.
O Dilema Moral
Aqui surge uma questão filosófica intrigante: será que as pessoas irritantes são realmente culpadas por serem assim? Ou será que somos nós, com nossas expectativas irreais e falta de tolerância, os verdadeiros vilões? Simone de Beauvoir dizia: “O homem é livre; mas ele encontra a lei em sua própria liberdade.”. Talvez devêssemos refletir sobre nossa própria responsabilidade em nutrir sentimentos negativos diante dessas inevitáveis interações humanas.

No que resulta no desenvolvimento da empatia, esse sentimento raro e esquivo, também pode ser útil. Tente imaginar a pessoa irritante como um ser humano com seus próprios problemas e inseguranças. Talvez ela esteja apenas tentando chamar atenção, como um pavão desesperado por elogios e reconhecimento. Ou talvez ela seja apenas… irritante e esta tudo bem.
O Grande Desafio da Convivência com Humanos
O mundo está repleto de pessoas irritantes e, a não ser que você se mude para uma caverna no Himalaia, vai ter que aprender a conviver com elas. Esse convívio pode ser um teste diário de resistência mental e autocontrole. Portanto se pensarmos bem, esses indivíduos nos proporcionam um exercício constante de evolução espiritual - ou pelo menos uma grande oportunidade para treinar nossa habilidade de evitar um colapso.
Não esqueçamos que no fundo, todos somos apenas parte do espetáculo caótico da vida humana e nós não controlamos as ações dos outros, somente nossas próprias. Sendo assim, se todos os métodos, técnicas e estratégias de convívio falharem nós sempre podemos fingir demência ou um ataque de amnésia seletiva.
Na minha opinião as pessoas irritantes são como espelhos distorcidos; elas nos mostram nossas próprias falhas e inseguranças sob uma luz desconfortável. Talvez seja hora de abraçarmos esse desconforto e usá-lo para crescer - ou pelo menos para rir enquanto seguimos em frente.
Agora, se você chegou até aqui sem querer jogar seu celular na parede, parabéns! Você está pronto para sobreviver sem precisar de boletins de ocorrência. Então que tal explorar mais um pouco?
Curta, deixe nos comentários seu testemunho, quais as técnicas que você usa afim de não utilizar o seu réu primário? Ah e não esqueça de compartilhar com aqueles que precisam de uma dose de sarcasmo filosófico.
E se você quiser acessar conteúdos exclusivos e mergulhar no “backstage” das ideias mais ousadas, visite o site da UN4RT - um refúgio gratuito para mentes brilhantes que precisam de um respiro desse mundo exaustivo.
“A ilusão se desfaz quando questionamos a realidade.” - UN4RT
Sim, as fontes, referências e inspirações estão aí! Boa sorte, você vai precisar!
Médico ou Monstro, referência a obra clássica da literatura escrita pelo escocês Robert Louis Stevenson: "O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde / O Médico e o Monstro".
Jean-Paul Sartre, Entre Quatro Paredes.
Arthur Schopenhauer, Parerga e Paralipomena.
Jean-Jacques Rousseau, a citação do artigo se trata de uma adaptação de um provérbio popular, e não uma citação direta vinculada a uma obra específica.
Sêneca, Cartas a Lucílio.
Neues Museum, em português “Novo Museu” é um dos cinco museus que compõe a Ilha dos Museus (Museuminsel) em Berlim, Alemanha.
Busto de Nefertiti, importante obra feita em calcário e com aproximadamente 3400 anos, que retrata Nefertiti, a Grande Esposa Real do faraó Akhenaton. O busto se encontra exposto no Neues Museum em Berlim, Alemanha.
Marco Aurélio, Meditações.
Buddha ou Buda, Dhammapada.
Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos.
Oscar Wilde, escritor, poeta e dramaturgo irlandês.
Sun Tzu, A Arte da Guerra.
Simone de Beauvoir, Para uma Moral de Ambiguidade.
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