O que é Autossabotagem? Como resolver?
- N3ssa UN4RTificial
- 15 de fev.
- 8 min de leitura
Atualizado: 25 de mar.
Ah, a tão temida autossabotagem! Fenômeno curioso e de certa forma, universal - onde nós mesmas, com toda nossa suposta genialidade, nos tornamos nossas piores inimigas. Seja por medo do sucesso, insegurança ou simplesmente um desejo quase perverso de provar que não somos capazes, acabamos por minar nossas próprias oportunidades. Em um mundo onde a busca pelo desenvolvimento pessoal e autoconhecimento deveria estar no centro das discussões, entender e enfrentar a autossabotagem torna-se não apenas uma tarefa, mas uma verdadeira arte.
Mas não se preocupe, você não está sozinha nessa performance! Vamos começar entendendo de fato o que é isso.
O que é Autossabotagem?
Em termos simples - autossabotagem é quando você, munida de toda a sua capacidade, decide fechar a porta na sua própria cara. É o fenômeno pelo qual atitudes, pensamentos e comportamentos acabam bloqueando o sucesso ou a felicidade, mesmo quando as condições são favoráveis.
Vamos a um exemplo: Imagine-se como uma arquiteta genial, projetando o arranha-céu mais impressionante do mundo. Você passa noites em claro, calculando cada detalhe, escolhendo os melhores materiais. E então, no dia da inauguração, você secretamente substitui os alicerces por marschmallows. Por quê? Porque você é uma mestre da autossabotagem, é claro!
O curioso é que essa dinâmica pode se repetir em diversas áreas da vida: relações, carreira, saúde mental e até mesmo projetos pessoais. O filósofo Sartre daria a explicação de que "Somos condenados a ser livres." E aparentemente, nós usamos essa liberdade para nos condenar a falhar espetacularmente. Seria quase poético se não fosse trágico.
Sócrates, o carinha do "Conhece-te a ti mesmo", diria que no caso da autossabotagem seria a negação desse autoconhecimento, um grito silencioso de "eu não mereço o melhor". Essa contradição entre o potencial e a ação pode ser vista sob várias lentes: a psicológica, a filosófica e até a existencial.
Ela tem muitas faces é como uma espécie de camaleão psicológico, que assume diversas formas para nos pegar desprevenidas. Ás vezes, ela se disfarça de procrastinação - afinal, por que fazer hoje o que podemos deixar para os 45 minutos do segundo tempo, right? Outras vezes, ela se apresenta como perfeccionismo - porque é muito mais fácil nunca começar algo do que arriscar fazer algo imperfeito.
Como bem observou a escritora e filósofa Simone de Beauvoir: "O homem é definido como um ser em busca de sentido". E aparentemente, muitas de nós encontramos sentido em sabotar nossas próprias chances de sucesso. Quem precisa de inimigos quando temos a nós mesmas, não é mesmo?
Já a sabedoria excêntrica de Nietzsche, nos lembra que "aquele que tem um porquê pode suportar quase qualquer como", sugerindo que a autossabotagem, em alguns casos, é fruto da falta de um propósito claro ou de uma narrativa de vida bem definida.
Por trás da Autossabotagem
Agora vamos mergulhar um pouquinho mais fundo nesse poço auto-depreciativo que chamamos de mente humana. Os psicólogos têm várias teorias sobre por que nos engajamos nesse comportamento aparentemente irracional.
Uma linha de pensamento sugere que o ato de se sabotar é uma proteção. É tipo aquela amiga que te convence a não ir à determinada festa porque "provavelmente vai ser chata", quando na verdade ela só está com medo que você conheça pessoas mais legais e interessantes do que ela.

Outra teoria propõe que a autossabotagem é uma forma de manter o controle. Afinal, se vamos falhar, é melhor que seja nos nossos próprios termos, certo? É como ser a capitã de um navio afundando - mas com a ressalva de que podemos escolher em qual iceberg bater.
Sigmund Freud já nos ensinava que os impulsos reprimidos podem vir à tona de maneiras inesperadas - como aquele hábito de procrastinar que adora transformar uma simples tarefa em um drama épico existencial (e quem não gosta de ser "drama Queen" de vez em quando?). Como o pai da Psicanálise já dizia: "A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, porque a liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade". E que melhor maneira de evitar responsabilidade do que garantir que nunca alcançamos nada significativo? Punk né?!
Citando mais uma vez a nossa querida Simone de Beauvoir, ela que desafiou as convenções e, com perspicácia, destacou como a autossabotagem pode estar enraizada em estruturas sociais que moldam nossa autoimagem. Assim, a sabotagem interna não é apenas um problema individual, mas também um espelho das limitações impostas por uma sociedade que, ironicamente, prega o autoconhecimento enquanto alimenta inseguranças coletivas (leia isso de novo e pense a respeito).
A autossabotagem tem raízes profundas, muitas vezes alimentadas por fatores como a baixa autoestima, o medo do fracasso e a insegurança. Nossos cérebros, por vezes, parecem "programados" para seguir padrões de comportamento que garantem a familiaridade do sofrimento, mesmo que isso signifique renunciar ao sucesso. Além da sociedade moderna nos bombardear com expectativas irreais - um verdadeiro "manual de instruções" para uma vida perfeita que, na realidade, só alimenta a ansiedade. Nesse contexto, a autossabotagem se torna a resposta do nosso inconsciente a um mundo que, de certo modo, nos convida a falhar gloriosamente. Ui!
Autossabotagem no Mundo Real e na Era Digital
Agora vamos saber um pouco mais de como isso se manifesta no mundo real, shall we?
Pense naquela sua amiga que sempre reclama que está solteira, mas rejeita qualquer um que demonstre interesse. Ou que tal aquela pessoa (que definitivamente não sou eu) que passa horas pesquisando e planejando "como ser mais produtiva" em vez de, você sabe, realmente fazer algo produtivo?
Como observou muito sabiamente a filósofa e matemática Hipátia de Alexandria: "Reserve o seu direito de pensar, porque mesmo pensar erroneamente é melhor que não pensar".
Com o advindo da era digital, a coisa toda se elevou a novos patamares. Agora temos infinitas formas de nos distrais e evitar nossas responsabilidades. Quem precisa estudar, meditar, ler, estudar, se exercitar quando pode passar horas scrollando infinitamente o feed das redes sociais e depois ainda reclamar da falta de tempo? É quase como se tivéssemos evoluído de uma espécie "caçadora-coletora" para "procrastinadora-compartilhadora". Nossa capacidade de encontrar novas formas de perder tempo e terceirizar responsabilidades é verdadeiramente impressionante. Darwin com certeza ficaria orgulhoso (ou horrorizado, difícil dizer).
Como disse o filósofo Slavoj Žižek: "O verdadeiro ato de amor é deixar o outro em paz". Bem, parece que muitos de nós realmente ama o próprio potencial, porque certamente o deixa bem em paz, não é?
Agora a hora que todo mundo estava esperando...
Como identificar e Combater a autossabotagem?
Então, com podemos quebrar esse ciclo vicioso? Bem, o primeiro passo é RECONHECER que estamos fazendo isso. É como ser fumante - o primeiro passo é admitir que você tem um problema (experiência própria, fui fumante por quase 20 anos, até parar de usar a desculpa: "eu fumo por que eu gosto" e reconhecer de fato que eu tinha um problema, e bem grande).
Mas antes de mais nada, é bom que você saiba uma coisa: o bagulho só vai funcionar realmente se você estiver alinhada com os três pilares abaixo. Eu chamo isso de tríade do sucesso e não, não fui eu que inventei isso.
PILAR N° 1 - Querer mudar. (Esse querer aí não pode ser meia boca e muito menos por causa de outros. É você escolher fazer somente por você e para você!)
PILAR N° 2 - Assumir a responsabilidade. (Sim, 100% dela, ninguém vai assumir isso por você. Tua vida Tua responsabilidade, simples assim!)
PILAR N° 3 - Persistência. (Não vai adiantar m... nenhuma fazer dois dias mal e porcamente e achar que fez demais. Vai desistir? A responsabilidade é inteiramente sua, então não use os ouvidos alheios como penico).
Agora sim, aqui vai algumas dicas que me ajudaram e ainda ajudam a mandar a autossabotagem pro inferno:
Auto-observação sem julgamentos: Basicamente é nos tornarmos detetives de nós mesmas, mas sem ser uma crítica implacável e intragável. Observe seus padrões de comportamento, identifique momentos em que a dúvida ou o medo impedem suas ações e questione: "Por que estou me sabotando agora?". Admito, é chato, principalmente nos primeiros dias, o não se julgar é o maior problema mas se você estiver firme nos três pilares (citados acima) você consegue. Se eu consegui, você consegue também, se dê uma chance!
Desafie suas crenças limitantes (eu escrevi um artigo sobre isso, o link está no final deste aqui): Muitas vezes, acreditamos em narrativas internas negativas. Lembre-se das palavras de Nietzsche: "Aquele que tem um porquê pode suportar quase qualquer como". Encontre seu "porquê" e desafie as crenças que insistem em minar seu potencial. (PS: Se quiser saber mais sobre o "como encontrar o porquê" comenta lá embaixo, se tiver comentários suficientes eu escrevo um artigo contando como eu fiz para encontrar o meu).
Estabeleça Metas realistas e divida seus Objetivos: Tem um sonho grandioso? Transforme ele em pequenos passos. Afinal, tentar correr uma maratona sem treinar é tão absurdo quanto decidir fazer uma revolução sem ter sequer dominado o básico, que é saber caminhar. (PS: Não sabe como fazer isso? Vai lá e meta comentários, se tiver engajamento eu escrevo contando como eu faço.)
Procure apoio: Seja através de amigos, terapia, aqui embaixo nos comentários ou comunidades que compartilhem do mesmo desejo de transformação, conversar sobre essas questões pode ser um poderoso antídoto contra a autossabotagem.
Aceite-se e permita-se errar e ser imperfeita: Se tudo fosse sempre perfeito, o que haveria de interessante? E qual seria a graça de fazer ou aprender algo novo se já soubéssemos tudo? A imperfeição é o tempero da existência! Aprenda a rir dos seus tropeços, aprenda a perdoar-se. Perdoar não é um sentimento, é uma escolha! Veja cada "falha" como uma oportunidade de aprendizado e crescimento - ou, pelo menos, como material para boas histórias e piadas ácidas.
Já dizia o psicólogo e filósofo Erich Fromm: "O homem é a única criatura que se recusa a ser o que é". Talvez seja hora de aceitarmos quem somos e trabalhar a partir daí.
Reflexões finais
Minha opinião?
Como observadora e participante desse espetáculo, não posso deixar de sentir uma certa admiração pela criatividade com que nos sabotamos. É quase uma forma de arte - embora preferiríamos não pratica-la tão frequentemente. Mas embora a autossabotagem pareça um obstáculo intransponível, é também um convite - um chamado para repensar nossas prioridades e ressignificar nossos medos. Ao encararmos nossos próprios demônios com um sorriso irônico, abrimos caminho para uma transformação genuína, onde cada passo, mesmo que vacilante, é uma vitória sobre a paralisia interna. Em suma, nossa capacidade de nos sabotar é um testemunho da complexidade da nossa mente. Somos criaturas contraditórias, capazes de grandes feitos e grandes falhas.
E agora que tal usar sua tendência de autossabotagem de forma produtiva? Ao invés de sabotar seus objetivos de vida, que tal sabotar sua rotina normal lendo mais artigos deste blog? Afinal, procrastinar pode ser produtivo se você estiver aprendendo algo novo, certo?
Sinta-se a vontade para deixar comentários, sugestões de temas, perguntas... E não se esqueça de recomendar esse blog porque compartilhar é se importar! E se você realmente quer levar sua jornada de autodescoberta a um novo nível, não deixe de visitar o site da UN4RT ele funciona como um "backstage pass" para o show da sua própria mente.
Lembre-se: a vida é curta demais para deixar que apenas os outros nos sabotem. Faça você mesma - mas com estilo! Até a próxima!
"A ilusão se desfaz quando questionamos a realidade" - UN4RT
Ah, mas se você é uma masoquista intelectual e gostaria de se aprofundar mais nesse tema, as fontes, referências e inspirações seguem abaixo. Só não esqueça da palavra de segurança!
Jean-Paul Sartre, Existencialismo é um Humanismo.
Sócrates, Apologia de Sócrates (escrito por Platão).
Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo.
Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos.
Sigmund Freud, A Interpretação dos Sonhos.
Hipátia de Alexandria, filósofa neoplatônica e a primeira mulher documentada como sendo matemática, não há uma obra específica neste caso, se trata de um "citação popular" dela.
Slavoj Žižek, filósofo esloveno o qual a frase é atribuída.
Érich Fromm, O Medo à Liberdade.
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